Argumento


O argumento é um texto corrido, escrito em prosa e no tempo presente, que narra a história do início ao fim. Estão presentes todos os personagens principais e as mais importantes articulações e ações do filme. Os cenários, as características dos personagens e as ações serão detalhados e desenvolvidos. É um texto que pretende transmitir o tom e a emoção da história.

Segundo Flávio Campos, o termo argumento é mais utilizado no meio cinematográfico e sinopse no meio televisivo, mas ambos significam a mesma coisa. A sinopse é mais resumida e, segundo Aida Marques,  tem um apelo mais publicitário,  uma vez que é o que será mostrado primeiramente aos possíveis financiadores, atores e técnicos em geral de quem se pretenda a adesão ao projeto.

Vamos fazer a opção pelo termo argumento.


Exemplo ARGUMENTO


Título: LATITUDE ZERO
Longa metragem
Roteirista: DI MORETI

Dois personagens perdidos no meio da selva amazônica em busca de um rumo para suas vidas. Tudo o que Vilela quer é uma nova chance para recomeçar, mesmo que seja no fim do mundo. Tudo o que Lena quer é esquecer o passado.

Lena, dona do pequeno armazém de beira de estrada “Dama de Ouro”, está gerando em seu ventre o filho do homem que a abandonou. O coronel Mattos, da Polícia Militar de São Paulo, além de pai da criança,  também é o superior imediato de Vilela que o aconselhou a se esconder neste lugar para fugir dos problemas com o assassinato de um  jovem inocente. São dois personagens que iniciam assim uma viagem interior sem volta, construída no amor e no ódio.

Descrente no futuro, Lena está prestes a abandonar o “Dama de Ouro” quando um forasteiro bate à sua porta pedindo abrigo. Acuados pela sombra de seus passados infelizes, eles começam a trocar sinais de simpatia; à princípio, estranhos e defensivos.  Vilela toma a iniciativa de mudar o lugar. Lena vê neste gesto um incentivo à aproximação e a redescoberta do amor. Depois da concretização da conquista amorosa, Vilela reserva uma surpresa: some do lugar de uma hora para outra, e o pior, carrega consigo todas as economias guardadas por Lena. Mais sozinha e decepcionada do que nunca, ela pare seu filho no meio desta área desolada. De novo, Lena está abandonada à sua própria sorte.

Depois de uma semana, Vilela reaparece, cheio de novos planos. Ele alega que emprestou o dinheiro para poder construir um futuro diferente para os dois. Apesar da reforma e de toda a boa intenção, o novo “Dama de Ouro” não atrai sequer um freguês, o lugar parece cada vez mais esquecido pelo tempo e pela razão. Lena convence o relutante Vilela de que os dois precisam sair daquele lugar.

O ódio entre os dois cresce regado pela eterna expectativa de que aquele negócio pudesse dar certo. A vida dos dois se torna a ante-sala do inferno, a relação é terminal. Em meio ao seu processo de autodestruição, Vilela começa a beber e resolve silenciar o choro insuportável  da criança. Vilela pega sua espingarda e invade o quarto. Dois tiros. Na volta,  um Vilela trôpego só consegue dar alguns passos antes de desabar sobre o chão sujo. Lena sai do quarto, deposita a arma em cima do balcão e começa novamente a lacrar portas e janelas. O túmulo de Vilela é o próprio armazém, seu canto de morte é o irritante choro ininterrupto do filho de Lena. Esfolada pela vida, ela dá a última martelada em seu passado. Na estrada, o único caminhão que pára em frente do velho armazém é aquele que carrega Lena e seu filho para um desconhecido futuro.

O “Dama de Ouro” arde em fogo no meio da floresta amazônica. É só mais uma queimada naquela região.


FIM



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